domingo, 15 de março de 2009

O PÃO QUE A ASSEMBLEIA "AMASSOU"...


sal artesanal de Castro Marim


Segundo a recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) o consumo médio diário de sal deve andar à volta de 6 gramas...



Vamos a contas...


Se a regulamentação aprovada ontem, na AR, for cumprimida, um incógnito cidadão ao
comer meio quilo de pão/dia, terá ultrapassado, só com esse alimento, o teor salino recomendável.
Quanto mais economicamente desfavorecido for o cidadão, mais facilmente substituiu a diversidade alimentar, pelo pão.

Portanto, ontem, em termos de saúde, a Assembleia da República esteve a epater le bourgeois...

A complexa questão nutrição e as suas repercursões na saúde não podem ser tratadas a retalho.

Temos ao nosso dispôr, ao nosso alcance, uma alimentação tradicional mediterranica que necessita de ser estudada, revisitada, mas acima de tudo preservada e resguardada nos seus princípios.
Não precisamos de inventar demasiado. Basta melhorar.
Deixemos as invenções para a nouvelle cuisine e para a cozinha molecular.

As alterações introduzidas nos cultivos agrícolas, nomeadamente os novos processos químicos de fertilização e os organismos geneticamente modificados (OGM), impõem novos estudos sobre a pirâmide alimentar mediterrânica.

É um tarbalho para cientistas que deve recolher a experiência de todos. Organismos e associações que trabalham na área do pão tradicional, nomeadamente na sua preservação com todas as características qualitativas, têm, no que diz respeito ao teor de sal e noutros passos da sua confecção, um savoir-faire acumulado que é valioso.




A Confraria do Pão consegue, hoje, um pão com características sápidas (sabor) agradáveis e aprazíveis que deleitam os seus consumidores, utilizando quase metade do teor do sal, ontem, autorizado pela AR.

Como?

Investigando directamente sobre as metologias de confecção do pão, compreendendo a complexidade da rusticidade dos processos de manufactura e seleccionando as farinhas pela sua qualidade. O "Mundo Rural" tem alguma coisa para partilhar com os mais sofisticados laboratórios.

O que ganhou a Confraria do Pão com isso?
- Um processo judicial promovido pela ASAE por "actividades ilegais de panificação"!

As ciências da Nutrição devem encarar, estudar, os problemas alimentares globalmente e integrar conhecimentos, nomeadamente, os empíricos.

Por isso, ontem, na AR, "fingiu-se" que, cientificamente, se cuidou da saúde dos portugueses e das portuguesas. Na verdade, fez-se chicana política com o pão. Não foram os primeiros. Já Maria Antonieta, rainha de França no séc. XVII, o tinha feito. Todos conhecemos o desenlace.









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