sexta-feira, 11 de março de 2011

A Mulher do Futuro

«em memória da João Cordeiro»

Precisamente ontem, «Dia Mundial da Mulher», enquanto líamos uma entrevista da Nawal El Saadawi, Feminista, Psiquiatra e Escritora egípcia, recebíamos a notícia da morte, aos 44 anos, da Maria João, cujo corpo viajou de Coimbra para Vila Viçosa, onde acompanhámos o nosso João Cordeiro, seu Pai, e restante família, na dolorosa despedida.

Ainda reflectindo nalgumas das palavras de Nawal - A mulher não pode libertar-se sob nenhuma religião, nem cristianismo, nem judaísmo, nem islamismo, porque as mulheres são tratadas como inferiores em todas as religiões – rumámos para junto «da João», de seus Pais e de seu marido, com as filhas Maria (13 anos) e Luísa (10 anos) nos nossos corações.

E foi então que construímos as palavras com que dela nos queremos despedir:

  • Pela sua rebeldia, inteligência, espírito de lutadora e enorme vontade de viver, homenagear a sua memória é, antes do mais, compreender quanto o seu exemplo de vida é, também, o da Mulher do Futuro que o mundo carece para que possa finalmente viver em harmonia.

E deixámos uma orquídea que trouxéramos de Lisboa, do Cemitério de Benfica, já a pensar na João, na sua «irmã» de que nos fôramos despedir, nos filhos de ambas e de quanto essas crianças esperam de seus pais António e José, e de todos nós, para que o exemplo de suas Mães, enquanto construtoras do futuro a que, como todas as demais crianças, têm direito, não seja esquecido.

Uma nota final, de justiça. Compreendendo as palavras atrás citadas de Nawal inseridas no contexto de transformação e mudança que atravessa o mundo árabe, registamos que foram lindas, humanamente lindas e dignas, as despedidas religiosas que presenciámos na Igreja da Luz (irmão franciscano italiano) e no Cemitério de Benfica (sacerdotes e coro feminino cristãos ortodoxos). E de modo nenhum redutoras da condição humana, também feminina, das falecidas. Por se tratar da morte? Quiçá, mas fica o benefício da dúvida…

Hoje, como amanhã, o sol voltou a inundar de esperança as nossas almas. E a esperança, como também (muito) bem diz Nawal, é (já) poder.