O blog do PSD/Elvas [*]transcreve em 15.03.2009, um post da Confraria do Pão, publicado sob o título:
"SÓCRATES - Panis et Circenses".
Desde já, os nossos agradecimentos pela atenção que os nossos humildes e singelos "escritos" vos merecem.
O post versava um assunto em discussão na AR e que dizia respeito ao Pão. Mais concretamente referia-se à legislação sobre o teor de sal permitido na confecção desse insubstituível alimento.
Mas, para meu descontentamento, verifico que a interpretação do PSD/Elvas não foi das melhores, nem das mais felizes.
A circunstância do poder político mexer no pão, neste momento, foi, por mim, correlacionada com a crise económico e social em aprofundamento no nosso País e no Mundo e, consequentemente, com o surgimento de um provável surto de fome e um sucedâneo aumento do consumo do pão, como resposta alimentar (o pão é histórico mitigador dos "surtos" de fome).
Por que estamos no século XXI, convinha dar um "retoque". Torná-lo, pelo menos na aparência, um produto mais "saudável". Chamou-se à colação questões de Saúde Pública o que é sempre "politicamente correcto". Deixou-se de fora outras questões não menos importantes: a qualidade das farinhas, dos fermentos e a junção de aditivos (tóxicos). O poder passou ao lado de outros produtos que até são conhecidos por "salgadinhos", para falar só de um grupo de aperitivos. A legislação sobre a integração de sal nos alimentos não pode ser avulsa. Tem de ter um fio condutor, coerente e exequível, uma estratégia educacional (educação alimentar) e de adequação de comportamentos aos saberes científicos, estes sim, defensores da Saúde Pública dos cidadãos. Portanto, gato escondido com rabo de fora!
A iniciativa partiu do grupo parlamentar do PS. Como é o suporte político do actual governo foi o directo visado no meu post. Será também, neste fim de ciclo legislativo, o mais interessado em esconder e dissimular a fome.
Na AR, depois de algumas discussões sobre aspectos marginais deste problema, a lei foi aprovada quase por unanimidade (4 ou 5 votos contra).
Portanto, o PSD votou o controlo do sal, sem se aperceber que estava a colaborar na política socrática de panis et circenses.
Logo o PSD, não tem qualquer autoridade para tentar fazer um aproveitamento político da denúncia da Confraria do Pão.
A Confraria move-se por interesses associativistas e agregadores, sem se enfeudar a qualquer partido político.
Interessamo-nos, prioritariamente, pela defesa da qualidade do Pão Tradicional Alentejano, depois, por toda a complexa problemática da confecção do pão em termos de higiene e características nutritivas e, dispendemos muito tempo na denúncia da imbricada situação que a industrialização (panificação e moagem) conduziu o pão.
Finalmente, o pão é, para nós, mais do que um alimento. É, também, uma referência cultural da Humanidade e "marcador" indelével da civilizações que foram passando pela bacia mediterranica. E ficamos por aqui.
Mas, uma vez explicado o nosso posicionamento associativo, existe sempre uma visão política do problema.
Segundo dados do INE, cerca de 2.000.000 de portugueses vivem na pobreza ou no limiar da pobreza (pobreza escondida).
Eles não foram criados de supetão! Foram sendo atirados para a pobreza, nos 30 anos de democracia pós-25 de Abril, pelas políticas neoliberais dos chamados partidos do "arco do poder", isto é, PSD e PS. Por aqueles que não desenvolveram, não criaram riqueza, não a redistribuiram, foram socialmente ineptos, etc.
Acredito que, por razões diferentes, todos condenamos, comentamos e desejamos combater a pobreza... É mais uma aitude cristã do que política.
Mas esse facto, esta convergência, fez lembrar as palavras de um já falecido bispo de Olinda e Recife, D. Helder da Câmara, lutador incansável contra apobreza endémica que varria o Nordeste brasileiro, para além de um intrépido adversário da ditadura militar brasileira.
D. Helder, dizia, frequentemente:
"Quando falo dos esfomeados, chamam-me cristão; quando falo das causas da fome, chamam-me comunista"...
É, isto, caros amigos do PSD/Elvas.
[*]http://psd-elvas.blogspot.com/2009/03/socrates-panis-et-circenses.html
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