Chego a Espanha, melhor, ao País Catalão, cansado, determinado a passar uns dias com a família. Mostrar-lhes Mundo…
Mas, logo à chegada tenho, invariavelmente, um problema.
Estas viagens (mesmo as curtas), os preparativos, as demoras e as burocracias aeroportuárias, a humilhante necessidade de retirar o cinto, quando não de descalçar-me, transformam-me num indigente esfomeado…
E, sem sofrer de gula, nem de apetites incontrolados, perco-me pelas comidas regionais, perseguindo, implacavelmente, os petiscos tradicionais.
Entro numa casa de tapas preparado para tapear e beber uma caña (cerveja), como normalmente faço na terra de Cervantes…
Acabado de encostar-me à barra (balcão), sou mimoseado - antes de fazer qualquer gesto - com um bocadillho de pão, aberto ao meio, com as duas faces contrapostas irregularmente besuntadas de uma tonalidade escarlate onde alguém com maestria esfregou um tomate partido (segundo ritual próprio) e, discretamente, acrescentou com um pouco de azeite cru, para lhe dar um húmido e espesso… cheira-me a Gaudi, a Miró, Picasso, …
Então toco ao de leve na perna do meu filho pré-adolescente e segredo-lhe:
- Chegamos a Barcelona!
Bebemos (os pequenos… sumos) e comemos, melhor picamos, aqui e acolá, até saciar a ansiedade.
Antes de pedir la cuenta, chamo, de novo, o meu rapaz e aponto-lhe
Bebemos (os pequenos… sumos) e comemos, melhor picamos, aqui e acolá, até saciar a ansiedade.
Antes de pedir la cuenta, chamo, de novo, o meu rapaz e aponto-lhe
- Vês lá em baixo aquela imensa água azul-esverdeada?
- Sim, diz-me ele: é o mar!
- De facto é! Mas quando chegares a um local diferente, a uma casa de família, a um restaurante, a uma taberna e te oferecerem pão barrado com tomate e azeite e, ao longe, vires uma imensidão de água, é o mar. Mas, um mar especial.
- É o Mediterrâneo!
Pai, o que é o Mediterrâneo?....
Bem! Essa é a história que a partir daqui vais começar a aprender…
Sem comentários:
Enviar um comentário