domingo, 9 de maio de 2010

MEDITERRANEIDADES (1)


MUDANÇAS, FESTANÇAS E AS ANDANÇAS DOS NOVOS BRAGANÇAS
«E se todo o mundo é composto de mudança…», dizia o poeta. Nada a opor, pelo contrário, mesmo com o conservadorismo do poder temporal que condicionou o mundo ao longo dos últimos dois mil anos, tem sido a vontade de «mudança» que vem animando as transformações e conquistas da Humanidade.
Contudo, nem todas as alterações contribuíram para o edifício da felicidade humana. Nestas, sem favor, reconhecemos uma mistura explosiva, mãe da criação: a emoção e a razão, braço dado, sem preconceitos de hierarquia, antes seguras de que o contexto determina, em cada mudança, qual das duas assume maior protagonismo… no momento.
Em muitas outras, como as que atravessam hoje o Alentejo, reconhece-se a bestialidade e a estupidez com que os gananciosos querem, a todo o custo e velocidade, saquear… o que houver ainda disponível. A emoção cede lugar à frieza e a razão ao calculismo.
Também explosiva, não da criação mas da destruição, esta mistura é tipo Bomba de Neutrões … pós-moderna. Arrasa a pobreza, neutraliza a razão restante dos (ainda) não miseráveis, intoxica o pensamento dos menos desinformados e estende os fragmentos até aos cofres da poupança dos incautos. Que pulveriza com a magia só ao alcance dos despudorados para que, qual milagre sancionado pelo santo ofício, vá reaparecer, multiplicada, nos odres dos governantes e seus donos, mais nestes do que naqueles.
«Vem-nos à cabeça uma frase batida», dizia o Sérgio; vem-nos à memória uma mão cheia de factos recentes, em Portugal e por todo o mundo governado pelo «rei milhão», imagem doutro poeta que trazemos no coração. Enfim, percebe-se a agonia revoltosa do sistema, «há que aproveitar enquanto isto está a dar». E como para esta gentalha os fins justificam os meios, imagina-se as ignomínias que subscrevem sempre que se deparam com a crítica e a denúncia.

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