O Presidente da Federação de Évora do Partido Socialista, ora na qualidade de Presidente da Câmara Municipal de Portel, Norberto Patinho de seu nome, continua apostado em caucionar politicamente o embuste com o Congresso das suas «açordas», que já foram gáudio para uma plateia de Técnicos de Saúde e ficaram celebrizadas na Grande Enciclopédia do Lixo Alimentar como «as açordas do patinho».
Ignorante, o que é compreensível tantas as tarefas politiqueiras em que se envolveu ainda imberbe, demorou três anos para compreender o papel determinante do Pão como progenitor das Açordas.País - Congresso das Açordas este fim-de-semana em Portel - RTP Noticias, Áudio
Três anos - três Congressos em que promoveu o «desenvolvimento» do Alentejo com inovadores pratos gastronómicos objectivamente selvagens, cientificamente promotores das graves doenças da moda, culturalmente ofensivos dos seus antepassados e activamente conspurcadores da identidade alentejana.
Tudo isto com dinheiros públicos que deveriam ser canalizados para o contrário, isto é, para a promoção da identidade cultural do Alentejo, claramente assente na frugalidade alimentar e na sobriedade do viver, e inequivocamente promotora da saúde física e psíquica.
Este ano, contudo, o seu Congresso começa com pão e, «para atingir maior profundidade» o título do painel é
«PÃO: ELEMENTO FUNDAMENTAL DA TRÍADE DA DIETA MEDITERRÂNICA»
A organização declarou «ao mundo» que nele participariam «prestigiados especialistas» (http://www.cm-portel.pt/pt/conteudos/eventos/ACORDAS+EM+CONGRESSO+EM+PORTEL.htm).Desconfiados, fomos comprovar.
Lá está, em primeiro lugar, o destacado especialista na aculturação do Pão Alentejano, introdutor dos fermentos ingleses (holandeses) para cuja fábrica trabalhou denodadamente nas décadas de 50, 60 e 70, promovendo «o segredo do enriquecimento fácil», sem qualquer respeito pela saúde das pessoas. Segue-se uma Nutricionista e dois empresários.
Da Net
1.
http://economico.sapo.pt/noticias/a-historia-do-homem-que-transformou-o-paposeco-em-carcaca_80809.html
A história do homem que transformou o papo-seco em carcaça
Mafalda de Avelar, 05/02/10 00:05
Vítor Moreira era engenheiro numa fábrica de fermentos. Inventou o pão sem ‘rebites’ para que se fizesse mais rápido. E para vender mais fermento. (...)
2.
http://familia.sapo.pt/articles/familia/saber_viver/890788.html
Os alimentos inteligentes
Se quer que o seu filho se alimente bem para ter boas notas, saiba o que não deve faltar no seu carrinho de compras.
De acordo com a nutricionista Maria Paes de Vasconcelos, existem cereais, leguminosas e outro tipo de alimentos bons para o cérebro.
A privilegiar
Leguminosas (feijão, grão, favas, ervilhas, lentilhas) (...)
A evitar
Batata. Arroz branco. Pão de forma, Carcaça (...)
Texto: Alexandra Pereira com Nelson Lima (neuropsicólogo), Mónica Pinto (pediatra) e Maria Paes Vasconcelos (nutricionista)
3.
José Júlio Mendes Vintém, o chefe de cozinha e proprietário do Tomba Lobos (...)
Duas refeições no Tomba Lobos - um jantar no dia 1 de Dezembro do ano passado (90, 20 euros, duas pessoas) e um almoço no passado dia 30 de Março (83,75 euros, duas pessoas) -, se não permitem conclusões definitivas, deram para perceber que, em geral, o toque pessoal de José Júlio Vintém em alguns pratos regionais não só os não descaracteriza, como os valoriza. (...)
David Lopes Ramos (PÚBLICO)
O outro empresário é Confrade da Confraria Gastronómica do Alentejo e, em 2005, foi galardoado na Ovibeja/Receitas de Borrego com o prémio Inovação num ... doce.
Ou seja, já desvirtuadas da sua principal riqueza, a simplicidade, entra-se agora na ofensa final às açordas e à cultura alentejana: é o pão do presunçoso, ignorante e ganancioso Moreira que vai encorpar o caldo aromático do principal património da gastronomia alentejana.
Quiçá esporadicamente substituído, se a tanto chegar o atrevimento dos outros «especialistas», por cereais, tostas e outros que tais ou, com um toque de ilusionismo, por batata (doce?)... alentejana! Para além das proteínas, às carradas para parecer mais alentejano.
Estamos conversados, já são com «pão» as açordas do patinho! Mas para que o «desenvolvimento» esteja garantido, o sobredito tem que ser fabricado com massas congeladas, aditivadas com carradas de fermento «inglês» e outros produtos (cancerígenos) que permitam que «esse pão» suporte uma espera de três ou quatro dias até ter a honra de chegar à «mesa dos ricos», isto é, dos governantes da moda, seus amigos e ... mandantes. Eventualmente produzido em casa, nas tão apreciadas máquinas de que o «especialista» Moreira também foi «introdutor»!
O interesse económico agradece, reconhecidamente.
Como vem acontecendo desde o tempo de Salazar e a sua «campanha do trigo», responsável número um pela «emigração» do porco alentejano para a extremadura e andalucia espanholas, onde ganhou cartas de alforria e, saudavelmente, se transformou em porco ibérico, uma vez mais o Alentejo, pelo mesmo motivo (a ganância aliada à ignorância), ficará mais pobre.
Mas, nada de pessimismo. «Este poder» está caucionado pelo voto, esmagador, popular. Mesmo que seja «mais que pimba», é democrático!
Com autorização do poeta, em nome do seu Alentejo, não resisto a «inovar», fazendo fé nas estatísticas sobre a galopante desigualdade entre ricos (cada vez mais ricos) e pobres (cada vez mais... dependentes da caridade distribuída pelas senhoras bem vestidas, pintadas e perfumadas, invariavelmente purificadas nos templos possíveis!):
(...) está a democracia virada
para aumentar o poder
daquele que tudo tem.
Venham de lá (novamente) os Braganças e as suas festanças. Mas nada de misturar o «Nuno de santa maria», seu patrono, mais a sua «padroeira», com o Zeca Afonso, como o edil de Vila Viçosa, quiçá inspirado na presença do Primeiro Ministro e suas conhecidas características oratórias, fez no mês passado.(http://radiocampanario.podomatic.com/entry/2010-02-09T06_30_23-08_00)
É que o Zeca, sobriamente como era seu timbre, numa memorável Jornada de Cultura Alentejana, antecipou-se aos oportunistas que se pudessem vir a servir das suas ideias e, em pleno Terreiro do Paço dos Braganças, cantou pela primeira vez este fado que dedicou «aos Alentejanos que se não envergonham de também serem irmãos de Catarina Eufémia»:
Quem diz que é pela Rainha (poder)
Não precisa de mais nada
Pode roubar à vontade
Ninguém lhe chama ladrão
É homem de suciedade (isso mesmo, com u, de súcia)
Todos lhe apertam a mão!
Acima da pobre gente
Subiu quem tem bons padrinhos
De colarinhos gomados
Perfumando os Ministérios
São donos dos homens sérios
Ninguém lhes vai aos costados!
Isso foi (era) em 1980. Hoje, cada vez mais, paira a ameaça de «os homens sérios» terem de proceder a uma «inovação» na última estrofe...
Perdida a esperança, restará a dignidade de não vir a deixar «morrer à fome» os seus bisnetos já vivos e os que ainda estão para nascer.
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