Decorreu no último sábado, dia 18 de Setembro, no Monte das Galegas, uma importante jornada de cultura com que o Centro de Documentação do Pão quis assinalar o seu compromisso de herdeiro do património cultural da Confraria do Pão.
Entre os presentes, alguns confrades de longe… Talvez por isso, sem conhecerem nos seus contornos mais nebulosos o quotidiano de resistência com que a acção cultural de raiz independente se vem debatendo nesta região, ora dominada pelo(s) interesse(s) económico(s) que se escondem por detrás da promessa de desenvolvimento através dos empreendimentos turísticos... largamente subsidiados pelo erário público.
Ou seja, na versão do terceiro milénio, os condados (de Monsaraz, de Juromenha, da Serra D’Ossa, etc.) só não fazem inveja aos «Braganças» porque são cara e coroa da mesma moeda.
De Juromenha a Moura, as galinhas dos euros de ouro vão cacarejando pela planície as mais infames injúrias contra os que levantam a sua voz crítica, duvidando das promessas que, ano após ano, vão defraudando a esperança dos incautos alentejanos na proporção directa dos milhões que distribuem aos empreendedores e amigalhaços.
Simultaneamente, as sereias do grande lago de Alqueva, a que, com Ribeiro Telles, nos habituámos a chamar de charca, donas das galinhas, aliciam para a sua nobre (de monárquica, já se vê) causa todos os disponíveis, sobretudo aqueles que tenham poder de decisão, mesmo que pouco…
Feita esta necessária divagação teórica, vamos então justificar a razão porque não foram formalmente convidados o Executivo da Câmara Municipal de Alandroal e o da Junta de Freguesia de Terena.
No que respeita ao Presidente daquele, desde Fevereiro que em relação à Confraria do Pão vem dando o dito por não dito, chegando ao cúmulo da hipocrisia ao recusar silenciosamente, desde há cinco meses, um convite para visitar a Confraria e se debruçar sobre os pontos de uma reunião que adiou sucessivamente. Por mera curiosidade, registe-se que a 26 de Fevereiro foi eleito vice-presidente da mesa da Assembleia Geral da Gestalqueva(1) , substituindo no cargo o antigo presidente da CM Reguengos de Monsaraz, Vítor Martelo, um dos políticos mais poderosos do Alentejo.
E no que concerne à senhora vice-presidente do mesmo, desde 10 de Janeiro último que, quiçá ocupada em reuniões de desenvolvimento no condado da serra d’ossa, opta por não agradecer dois livros que lhe remetemos electronicamente, nem ao menos dando conta da sua… eventual incomodidade em os ter recebido e «não poder» ignorar a acção científico-cultural que se desenvolve no concelho. É médica, a senhora…
Finalmente o Presidente da JF de Terena, Manel de seu nome e apoiante de todas as medidas de discriminação, exclusão e perseguição com que o anterior presidente do executivo camarário quis reinar em Alandroal e Juromenha ad eterno. É bom rapaz, só que ainda não rubricou um único acto de contrição em relação ao seu insolente comportamento para com a Confraria, associação que sempre o respeitou enquanto autarca.
Portanto, se vier a concretizar-se a vontade com que alguns dos sócios do Centro de Documentação do Pão estão animados em «pedir contas ao poder», já sabem com o que (não) contam. Localmente, porque a nível regional é pior, muito pior. E nacional… adivinha-se.
Com tudo isto já esquecia a justificação que se deduz: foi a Confraria do Pão, colaboradora na realização, que impôs um veto à presença desses e doutros fautores da nossa infelicidade presente; que por vontade deles seria … eterna. Pobres criaturas que não têm noção da força das ideias e da cultura. Que, aliás, desconhecem. Tragicamente! Pois é, quem não se sente não é filho de boa gente! A Confraria é.
Uma nota final de esperança; contida, mas esperança. Julgo exprimir o sentimento comum a todos quantos dão corpo ao projecto ao desejar que o futuro nos traga provas inequívocas de que os eleitos estão dispostos a respeitar a cultura e aqueles que voluntaria e responsavelmente a servem. Então, sim, não duvido que serão recebidos com alegria e com a dignidade que a sua condição merece. Como, aliás, sempre fizemos até 2002, na Confraria do Pão.
(1) A Gestalqueva - Sociedade de Aproveitamento das Potencialidades das Albufeiras de Alqueva e de Pedrogão, S.A., tem como sócios a EDIA e os municípios da área de influência das albufeiras e tem como objectivos, entre outros, a concepção, promoção e execução de projectos de desenvolvimento das potencialidades destes dois empreendimentos, nomeadamente, nas áreas do ambiente, qualidade urbana, turismo e património.
Recordamos que o presidente do município de Alandroal tinha já sido eleito para a mesa da Assembleia Geral da Associação Transfronteiriça dos Municípios das Terras do Grande Lago de Alqueva (ATMTGLA) em 20 de Novembro de 2009.
O apoio técnico e logístico da Gestalqueva à ATMTGLA na gestão de candidaturas a fundos comunitários, como é o caso do PEGLA (Projecto Estruturante para o Desenvolvimento das Terras do Grande Lago Alqueva), projecto transfronteiriço orçado em 6 milhões de euros, é uma das faces mais visíveis do trabalho desta entidade.
(Fonte: Rádio Campanário / Câmara Municipal de Alandroal - 2 Março 2010)
Registe-se que o Presidente da Gestalqueva é Manuel Bento Rosado, o qual ocupava a Presidência da CCRA quando foi lançada a campanha de silenciamento e aniquilamento da Confraria do Pão.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
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